Era 1989. Eu tinha 16 anos e votava para Presidente pela primeira vez na minha vida.
Nessa época eu estudava no Colégio Republicano e boa parte da minha familia, a começar pelo meu avô. O Republicano era (é) uma escola tradicional, calcada em conceitos familiares e respeito à Pátria. Desfilei muitas vezes no feriado da Independência do Brasil nas ruas do meu bairro vestindo as cores verde e branca Republicana.
Apesar desse perfil, o colégio tinha professores engajados na política socialista. Fui educado acreditando que o Socialismo era a solução das aflições do nosso País e do Mundo! Matérias como OSPB e Química ganhavam horas-extras em intervalos cravejados de discurso de Carl Marx e porque não Fidel Castro.
Nessa época, na Praça da Paz Celestial na China, cerca de 100 mil estudantes morriam enfrentando o Governo Comunista e abriam a discussão calorosa entre nós e os professores lá no colégio. Filosofia do “Livre pensamento” baseados no filme “A Sociedade dos Poetas Mortos” intensificavam ainda mais esse debate. Tudo isso ao som de “Patience” da banda americana Guns and Roses.
Essas eram nossas referências. Esse era o nosso mundo! Garotos de 16 anos prontos para escolher o nosso 1º Presidente eleito por voto democrático.
Fernando Collor foi eleito e passadas 5 eleições presindenciais, foi a primeira vez que votei num candidato diferente do Lula. A novidade realmente foi grande. Votei numa mulher. Votei em Marina Silva e ela ficou em 3º lugar, somando quase 20 milhões de eleitores por todo País (19,33%). Se fosse eleita eu acredito que seria uma boa líder e seu Governo não complicaria o que já estava dando certo tentando reinventar a roda.
Agora estamos no segundo turno e confesso que as palavras ditas pelo então candidato Plínio Arruda ainda ecoam na minha mente: “Seja qual for o resultado, seremos oposição!” Isso me fez repensar toda a minha vida eleitoral. Lembrei que sempre fui “oposição” junto com o PT. Depois veio a posição de Governo e depois a reeleição e hoje os papéis se invertem. O PT “não bate” mais em ninguém. Frases como “Lulinha paz e amor” não saiam das manchetes dos jornais no seu primeiro mandato e ainda hoje estão por aí.
A atual oposição, tão pouco acostumada nessa posição, se perdeu e continua perdendo. Não se organizou e se desmantelou mesmo com os “escândalos do Mensalão”! E o PT foi crescendo, avançando, inchando à ponto de ter uma das figuras mais mal preparadas como política que eu já vi na minha vida! Dilma Roussef. Ela gagueja, se perde em frases, enfim, não convence. Ela só está na posição que está por ser indicada pelo Lula e disso não há menor dúvida. O País cresceu para os menos privilegiados, mas cresceu muito pouco. Mas foi o suficiente para motivar a população mais carente a elege-la e estamos todos convencidos disso, inclusive o Serra, seu adversário.
A questão do momento são os debates de igual tempo. Muito blá-blá-blá e demagogia em baldes! Os discursos são óbvios e ensaiados. Ainda mais agora com o foco em temas mais polêmicos (aborto, casamento gay, etc.) em busca de eleitores que votaram na Marina no primeiro turno.
Eu andava tão desmotivado que não conseguia aceitar o fato de ter que optar por um dos dois candidatos. Pensava comigo mesmo: “Não posso escolher nenhum deles. Quero dar um destino mais nobre para o Brasil” e cheguei à conclusão que anular o meu voto É UMA OPÇÃO VÁLIDA SIM!
Durante todos esses anos eu sempre descartei a hipótese de anular um voto meu. Mas hoje tudo mudou. O Mundo mudou. A banda Guns and Roses não é mais a mesma, a China tenta, mas ainda não consegue; e o filme “Tropa de Elite 2” está em cartaz batendo recordes de audiência e vou parafrasear algumas de suas frases:
Serra, “O senhor é um Fanfarrão”! E Dilma “Pede pra sair”!
E termino com a frase que o Plínio disse na despedida do seu último debate: “Viva o Brasil”!