Esse é um termo muito comum quando o assunto é política.
Qual é a pauta desse candidato?
Aquele outro está fugindo da pauta tal. Já esse insiste nessa pauta desgastada. Esse deveria ser o primeiro assunto que nós eleitores tínhamos que ter em mente.
Qual é a sua pauta? Quais são os temas mais importantes na sua visão? O que pra você é irrelevante ou pode ser deixado para um outro momento?
Ao fazermos isso, já limitamos muito o recorte de candidatos. Se o discurso do candidato está alinhado com a sua pauta, ou boa parte dela, voilà, você tem um candidato para seguir na campanha eleitoral.
Acontece que nessas eleições o tom do raciocínio do eleitorado tem sido outro.
Estar certo!
Ou como eu gosto de dizer: lacrar!
Somos um país de democracia muito jovem. De fato, somos muito inexperientes, e até inocentes. Qualquer fala mansa, ou agressiva nos comove. Se um candidato fala exatamente aquilo que você quer escutar, pronto, lacrou!
E isso acontece em tudo na vida do brasileiro.
Somos muito passionais, muito emotivos. É comum escutar argumentos como “não gosto desse político, acho ele fraco”, “nossa, como aquela candidata é lerda pra falar”, e por aí vai.
E nisso a interação da população vai se distanciando cada vez mais. Principalmente depois de tanta decepção, tanta corrupção.
Há uma enorme descrença da sociedade na classe política.
O resultado disso é o gigantesco número de votos nulos, brancos e abstenções. O que vemos é o “nós contra eles” e “político é tudo igual”. E por causa disso o país continua à deriva!
Parte da população vota nos mesmos de sempre, sem saber se isso é bom ou ruim. Outra vota por uma parte mínima do discurso do candidato e tapa o Sol com a peneira para todo o resto de sua ideologia. Outra parte, se diz isento, fechando os olhos e acreditando que não faz parte da escolha o destino do país.
Não importa.
Enquanto tudo for feito dessa maneira, nenhum resultado diferente definirá as urnas em favor da sociedade.
Então reflita comigo.
Você olha para um ex-presidente preso dizendo como o seu candidato precisa fazer a campanha para ser eleito, você acha isso correto? Mesmo depois de tantos escândalos? Você olha outro candidato que discursa que mulheres são inferiores aos homens por ficarem grávidas, além de tantas outras frases agressivas, você o assiste, e ainda consegue achar que ele será capaz de liderar bem o país? Acha mesmo que ele é uma pessoa equilibrada, ou você concorda com ele? Ou pior, acha mesmo que ele é a única forma de tirar o poder do PT? Qual é a sua pauta verdadeira?
A minha é bem clara!
Quero um governo diferente. Alguém que não esteja aí há muito tempo no jogo político. Que seja liberal e deixe o mercado ditar as regras. Menos Estado é mais para o país. Quero alguém que saiba dialogar e não esbravejar, mas tenha pulso forte quando for necessário e flexível para o bem maior.
A minha pauta quer todos IGUAIS! Homens, mulheres, jovens, idosos, brancos, negros, índios, héteros, homos, religiosos, ateus… TODOS!
Nem que para isso seja necessário criar políticas públicas em prol dos menos favorecidos.
Não concordo com as cotas, mas elas são necessárias numa sociedade injusta e preconceituosa como a nossa. É preciso criar uma nova cultura igualitária. Minha pauta é de uma educação de base forte, onde o livre pensamento seja o objetivo final. Quero que os meus filhos pensem por si só. Que eles possam ir e vir em segurança sem serem molestados por quem quer que seja, mas sem mais armas nas ruas. Que eles possam fazer as suas próprias escolhas e que saibam refletir. Que eles saibam que há outros tipos de família diferente que a nossa, e que tudo bem, é normal. Onde há amor, há a chance de florescer bons cidadãos.
Minha pauta é de alguém que vive aquilo que prega. E o que eu prego é votar com consciência, com equilíbrio e sabedoria. Domingo, vou votar sendo bombardeado por uma ‘timeline’ tóxica, insana e completamente desequilibrada. A pauta que vi das pessoas foi xingamentos, ofensas, desmandos, irresponsabilidades com o que se compartilha, má intenção em propagar mentiras ou viés de confirmação. Essa exposição me fez mal, me deixou triste, e sem esperança.
Pensei em fazer o chamado “voto útil” ou o “menos pior”, mas eu vou resistir até o final.
Não vou mudar a minha pauta. Mesmo fragilizado. Ainda sinto repulsa em ver colegas, amigos e até familiares publicando mensagem de ódio, racismo, homofobia e machismo com mentiras e argumentos mais rasos que um pires.
Domingo eu prometo que vou levar os meus filhos comigo para votar.
Vou aproveitar agora que eu voto perto da minha casa e no caminho até a urna, vou falar pra eles qual é a minha pauta e explicar o que eu estou fazendo.
Vou contar como eu me sinto e mostrá-los como o Brasil está hoje e vou estimulá-los a construir um país melhor.
Minha pauta não vai mudar por causa do seu ódio!