Se o resultado das urnas refletirem as recentes pesquisas, essa expressão do título desse texto, tão citada para quem defendia Bolsonaro como argumento final em qualquer debate, ela vai refletir bem como nós brasileiros esperamos Salvadores da Pátria para construirmos o nosso país.
É fato.
De um jeito ou de outro, nós perderemos.
Qualquer um que vença essa disputa, não mudará o cenário político brasileiro atual, tampouco o lado econômico ou social do país. Muito pelo contrário. É capaz de estagnarmos em algumas áreas, avançarmos em outras, mas a maioria mesmo, será tudo do mesmo jeito.
Só para lembrar, O atual presidente tem um alto índice de rejeição, e mesmo assim, a população demonstra não reconhecer de que ele era aliado político do PT nas últimas eleições. Tanto que a ex-presidenta está concorrendo ao Senado em Minas e está em primeiro segundo as pesquisas!
Para que o país possa sair da grave recessão que estamos, seria preciso uma enorme mudança.
Mas infelizmente, é melhor você se acostumar. Isso não vai acontecer. Não com os três primeiros colocados das pesquisas.
Mas e se o Ciro Gomes vencer?
Ciro é o mais intelectual dos três, e ouso a dizer, o único. Mas ele é coronel, não do jeito militar, e sim do jeito político. Muito articulado, sabe falar como ninguém sobre vários temas, principalmente no que se refere à gestão administrativa de governo, e certamente parece ser a melhor opção, na sinuca que é votar pra presidente entre os três que lideram as pesquisas.
Seu grande problema é o temperamento.
Seus rompantes são sabidamente conhecidos quando é confrontado. Ou alguém esqueceu da resposta sobre a vida com a sua então esposa Patricia Pillar?
É provável que o seu governo seja mais do mesmo. Muita politicagem, venda de cargos públicos, uma posição mais delicada aqui, outra mais cabeluda acolá, mas nada muito radical. Ciro é raposa da velha política e vai fazer de tudo para ficar no centro do poder, ainda que ele mesmo seja o seu próprio inimigo.
Mas e se o Fernando Haddad vencer? O que dizer do Haddad? Não há muito o que defender nele. Só o fato dele visitar o Lula 15 vezes para se instruir como seguir com a campanha, já dá o tom do seu perfil.
Ok, eu também acredito que há uma motivação política do Sérgio Moro para deixar o Lula inelegível. Mas, sinceramente, não acho que haja como o ex-presidente ser inocente. Não com tantas provas no seu entorno. Se ele é capaz de organizar a campanha do Haddad pela cadeia, é capaz de saber o que acontecia nos seus governos e da Dilma, portanto não daria mole de ter NADA em seu nome para não se comprometer, usando o máximo de laranjas voluntários possíveis (até a sua falecida esposa).
E é exatamente isso que o Haddad é: um laranja!
Caso ele vença, ele fará de TUDO para inocentar o Lula e o seu partido. Usará toda a máquina administrativa para isso. Estando no poder, sua meta será desmoralizar tudo que a iniciativa que originou e investigou na Lava-Jato seja desmoralizada.
O PT demonstrou que tem colhões suficiente para isso. Eles não tem medo de serem desmascarados. Levaram até o último instante a candidatura do Lula, mesmo não estando mais no poder. E o que você acha que eles farão quando retornarem?
E se o Jair Messias Bolsonaro vencer?
27 anos de legislativo, ele possui 630 propostas de Projetos de Lei e 2 foram aprovados.
Sua incapacidade de convencer outros legisladores só mostra a sua falta de diálogo e poder de argumentação. I
sso é negativo? Sim, muito.
Dos três candidatos, ele é o menos intelectual.
Basta ver qualquer vídeo ou entrevista, editada ou na íntegra pra constatar que ele não possui nenhum talento para argumentar.
Seu pavio é MUITO mais curto que o do Ciro Gomes, e em geral a conversa não vai muito longe.
Ser presidente significa compor o governo com um Congresso com várias lideranças de vários partidos. Inclusive do PT. Achar que ele governará para caçar o PT é não entender como a política funciona, pois ele não tem esse poder.
O próximo Congresso será muito semelhante ao atual, como poucas mudanças significativas e não tem jeito, ou ele compõe, ou não governará.
O cargo de Presidente exige muito jogo-de-cintura, muito diálogo, muita conversa. E isso, Bolsonaro não sabe fazer. Basta ver a sua própria campanha. Sem unidade, ou planejamento.
Quando ele foi esfaqueado pelo Adelio Bispo de Oliveira, imediatamente o seu Vice quis tomas as rédeas da campanha, entrando em conflito com os seus filhos, que também são políticos de carreira. Isso mostra o quanto não há nenhum planejamento para o país em sua mente. Só as mesmas ideologias de sempre voltado para o militarismo, e é esse cenário que mais me preocupa. Pode até ser que o Paulo Guedes (economista e seu possível ministro da fazenda), venha a fazer um bom trabalho e deixe o país economicamente estável.
Tudo é possível, pois, capacidade ele tem. A questão é se ele vai se manter num governo do Bolsonaro.
Mas a minha maior preocupação não é essa, e sim o empoderamento de quem é afim do seu discurso de ódio e intolerância. E não há como prever o que pode acontecer. Mas mesmo que ele não possa fazer nada na prática contra a comunidade LGBT, negros e mulheres, enquanto ele tiver essa postura, quem é homofóbico, racista ou machista terá voz e encontrará no seu discurso, um embasamento, da mesma forma como quem o esfaqueou por achá-lo desprezível.
Portanto, é melhor nós “Jair nos acostumando”.
Seja quem for eleito, o cenário não será bonito para o Brasil. Cabe a cada um de nós, construir um futuro melhor para o país. Ensine os seus filhos a respeitar as diferenças, para que escolhas políticas melhores e mais plurais façam parte dos critérios e não viés de confirmação de seus próprios preconceitos.
Viva o Brasil!