Vacinei

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Não teve selfie,
nem vídeo mostrando o momento.
Fui sozinho,
eu e os meus sentimentos.
Não tinha ninguém,
era só eu.
Eu e a equipe que me recebeu.
Fui muito bem tratado,
com delicadeza,
com atenção,
afeto,
empatia.
E senti.
Meus olhos marejaram,
e a emoção tomou conta de mim.
Voltei à pé para casa,
quase uma hora de caminhada,
vim pensando em tudo no trajeto.
O sacrifício,
os casos da doença entre amigos,
familiares,
as mortes,
e em meio de milhão delas.
É impossível não pensar que tudo isso poderia ser minimizado.
E óbvio que senti raiva.
No caminho eu vi pessoas sem máscara nas ruas,
nas lojas,
no transporte,
funcionários,
clientes,
homens, mulheres,
crianças, idoso.
A tragédia segue,
ela não terminou porque eu me vacinei.
Não, foi só o primeiro passo.
Chegando perto de casa eu senti alívio.
Pelos meus filhos,
pela Cida,
pela minha família e quem vive perto de nós.
Essa agulha entrou no meu braço,
mas atingiu ainda mais o meu coração.
O que eu sinto agora é um pouco mais de esperança,
de que logo veremos a luz no fim desse túnel,
mas ainda temos um longo caminho.
Comemoro, mas também me indigno.
É preciso ficar vigilante,
a luta não terminou.
Viva o SUS, viva a ciência!
Viva a vida!!!