O poeta Augusto dos Anjos escreveu: “somos o que lemos e lemos aquilo que somos“. Essa frase para mim é a síntese das experiências que vivemos, as referências que acumulamos e como isso nos influencia seja na vida pessoal ou profissional.
Ontem foi meu aniversário de 38 anos, e óbvio que fiz uma breve revisão de como foi o trajeto da minha vida até o momento da minha apresentação no evento WP Meetup RJ que rolou na mesma data.
Lembrei de alguns lugares onde trabalhei, diretores e chefes que tive, gerentes e companheiros de trabalho, brigas, conquistas, frustrações e noites acordadas com horas-extras e cheguei a conclusão que cada um desses momentos me fizeram ser quem eu sou hoje!
Quando o Guga Alves me passou o microfone para falar sobre o case do Imóvel RJ (assista aqui na íntegra), eu lembrei quanta coisa eu tive que passar antes de ter a capacidade de expor o meu trabalho para um auditório. Digo isso porque olho para trás agora e vejo que acumulei inúmeras experiências diferentes do que faço hoje e ainda sim na desconferência a frase que me veio à mente para fazer as minhas considerações finais foi a de um antigo, e já falecido, chefe meu. “ninguém é tão pequeno que não possa ensinar e nem tão grande que não possa aprender“. Fiz essa citação para explicar ao público que nós, independente do tamanho que somos, temos a capacidade de trocar conhecimento e experiência! E hoje eu resolvi contar pra vocês como a minha personalidade profissional foi formada e espero que seja útil para vocês, principalmente aos que estão começando agora!
Minha primeira grande experiência: Leader Magazine
19 anos e muita disposição. Ainda era magrinho e devia pesar uns 68kg!! Comecei trabalhando como vendedor de calçados e sem dúvida nenhuma foi uma das experiências mais fortes com o consumidor. Vendia bem, não era o melhor, lógico! Mais deixei pra trás alguns acomodados. A Leader não só me deu um grande aprendizado com o público, mas também me deu aquela que no futuro seria minha esposa, a Cida!
Lá aprendi que é preciso ter bons argumentos para vender, sem precisar “empurrar” a venda. Entendi que para vender bem é preciso ler manuais várias vezes e informar bem ao clientes as vantagens e os benefícios de cada produto. Aprendi que ouvir é melhor que falar e que é preciso ter metas para não estagnar.
Fotografia, uma paixão que virou um grande aprendizado além das fotos
Alguns anos depois de me formar num cursinho de fotografia eu consegui um emprego (peixada!!!) numa empresa de formaturas e virei gerente do estúdio fotográfico. Recém-casado, aprendi que muitas noites longe de casa deixam as esposas tristes! Consegui construir a minha casa baseado em quase 800 eventos em 4 anos!
Lá eu também falava diretamente com o consumidor. Formandos, pais, madrinhas e família em geral. Todos querendo comprar as fotos que nós fazíamos. Lá eu cresci com a experiência de um homem que se tornou um grande amigo e me fez um fotógrafo melhor. Também foi nessa empresa que tive o primeiro contato com a liderança de um grupo. Eu planejava, gerenciava e produzia com toda a equipe. Um hábito comum da minha gestão era escolher o pior, o mais longe e o mais complicado evento para ir. Dava o exemplo e estimulava a minha equipe. Trabalhei sobre forte pressão, prazos e com pouca grana. Criatividade e comprometimento faziam parte do ofício e hoje sinto saudades das “chegadas na empresa” depois dos eventos. A felicidade era estampada em todos nós em muitas fotos que registrei.
Meu primeiro recomeço como Promotor de Vendas
Alguns problemas pessoais me fizeram voltar depois de alguns anos para o comércio e lá estava eu com a camisa da empresa Estrela Brinquedos! Era literalmente uma grande diversão para mim! Carregava caixas, arrumava prateleiras em gôndolas, controlava estoque, fazia mapeamentos, mas no fundo o que eu melhor fazia era brincar com a molecada deixando os pais enlouquecidos!!!
Como o meu trabalho era terceirizado, a gerente da loja de departamento me idolatrava porque eu fazia os produtos venderem muito. Mais uma vez “conhecer o meu gado” faziam a diferença. Aprendi a entender a diferença entre públicos. As crianças gostavam de produtos mais caros, e os adultos os mais baratos. Dessa forma arrumação é propositalmente feita para cada um deles. As caixas maiores, em geral mais caras, ficavam nas prateleiras de baixo na altura dos olhos das crianças e as famosas “lembrancinhas” de preços mais acessíveis bem ao alcance dos adultos.
Aprendi que a concorrência é o seu melhor professor! Fazer networking com todo o mercado também é uma boa estratégia. Saber ajudar os outros promotores em sufocos são grandes moedas de troca em momentos de sua dificuldade!
Recuperador de vendas. Um grande desafio
A vida me levou para trabalhar em 3 cobranças seguidas. Isso mesmo, cobrança! Eu ligava às 8h da manhã para os inadimplentes de cartão de crédito para tentar acordo depois de alguns anos sem pagar! Com certeza foi um grande desafio.
Nessas empresas eu também aprendi a negociar e a argumentar! Falar no telefone de forma objetiva, rápida e determinada e ainda sim digitar, ler sobre a vida financeira de quem eu estava falando, transmitir uma informação clara em poucos segundos em cada ligação eram pré-requisitos dessa profissão!
Enfim, o design surge na minha vida!
Curso de designer gráfico feito, computador comprado e Internet discada configurada (Écati!!)! O mundo estava disponível para mim! Bastava escolher uma opção e agarrá-la. Então eu fui trabalhar na Editora e Gráfica GPI do Colégio/Curso GPI.
Aprendi a ser criativo em meio ao caos com prazos apertados, saber gerenciar o meu tempo. Foram 5 anos como diagramador usando Page Maker, Corel Draw e Photoshop! No final desses 5 anos eu fui promovido à supervisor de criação e no meio do processo tive que assumir a gerência do departamento por conta de um problema familiar grave da minha gerente e correspondi à altura. Motivei a equipe e os fornecedores, e aprendi na prática como é preciso ser organizado quando há muita produção em jogo!
Pela primeira vez como webdesigner em tempo integral
Vender web para quem não tinha conceito web foi a síntese dessa minha passagem! A agência onde fui trabalhar era baseada em criação de impressos e fui para assumir as demandas web da mesma. A maior dificuldade que enfrentei foi explicar que um webdesigner não é um profissional 100% múltiplo. Ele pode ter experiência em várias áreas, mas não é completo. Inserir na mente da empresa que um projeto web era multidisciplinar era tão difícil quanto explicar à um camelo a falar japonês! Tive que dar o meu jeito!
E foi na própria Internet é que descobri a fórmula: Blogs, artigos, tutoriais, … colaboração! Busquei todo o tipo de referências e argumentos para dar suporte ao meu trabalho! Lá eu conheci o RSS, GTD e o Twitter e que definitivamente mudaram a minha forma de pensar!
Ao fim de 10 meses a empresa acabou e “eu me vi freelancer”! Não planejei ser autônomo naquele momento, mas percebi que aprendi muito sobre produção, administração, organização, prospecção com a empresa e minhas ex-diretoras! Hoje somos grandes amigos e já fizemos trabalhos juntos novamente!
E qual a lição eu tiro disso tudo!?
A frase do Augusto dos Anjos que coloquei no começo do post me faz crer que temos que aprender com cada experiência que a vida nos propicia. É preciso estar de olhos e ouvidos bem abertos! A sabedoria e o conhecimento está em todos os cantos, rodas de conversas, e-mails e memorandos!
Aproveite, recicle, reaprenda, ouça, entenda, reveja, renasça! A vida é uma grande Internet, não dá para indexá-la 100% (nem com o Google)! Então aproveite-a!
Para finalizar eu quero deixar um vídeo dividido em duas partes com o memorável discurso do Steve Jobs na Universidade de Stanford onde ele conta as suas experiências e como ele aprendeu com cada erro que cometeu! É inspirador! #fikadika