Quero fazer um layout para a minha startup

Mas não tenho um designer no meu time

Empreender.

Nunca se conjugou tanto esse verbo como nos últimos anos no Brasil. Sites com conteúdo sobre como empreender são mais populares do que notas de dois reais e se multiplicam a cada dia. Vira e mexe eu esbarro nas minhas ‘timelines’ com um aplicativo que faz algo inovador, com alguém dando uma dica de como ter sucesso com a técnica XYZ, ou postagens com uma receita de bolo de como conseguir um sócio-investidor.

Ok, reconheço que nunca estivemos numa época tão favorável para empreender como atualmente no país. A questão é que efetivamente, pouca gente está empreendendo de verdade. E quando eu falo isso, não dizendo que não há empreendedores capacitados. Não, não é isso.

Há tecnologia.
Há demanda.
Os investidores estão loucos para investir.
O que não há efetivamente é foco no usuário.

Existe sim uma ‘glamourização’ do termo empreender. A galera anda louca para criar o famoso cartão de visita do Mark Zuckerberg. Mas essa é outra história!

Eu costumo dizer por onde eu passo, que empreendedor de raiz, empreendedor de várzea é o Grande Soldador do filme Robôs da Blue Sky Studios. Pra quem nunca assistiu a animação, ela conta a história de um mundo onde todos são robôs e há um movimento de sucateamento deliberado de uma corporação tentando impor um consumo de novos acessórios caríssimos, o que faz com que boa parte da população não consiga comprar pela falta de grana e acabam se sentindo ultrapassados (qualquer semelhança com a “obsolescência programada” de hoje em dia nos ‘smartphones’ e outros ‘gadgets’ não é mera coincidência).

É nesse momento que entra o personagem Rodney Lataria, que é fã do Grande Soldador, dono dessa tal empresa, e que está afastado do cargo de presidente e deixou como interino o Ratchet (o vilão do filme) no seu lugar.

Viu uma necessidade, atenda

Essa frase do Grande Soldador define bem o conceito do empreendedor de raiz que eu tanto considero. Ela expressa bem o foco que todo empreendedor deveria ter nativo em sua mente: focar no usuário. Claro que eu entendo que criar é um processo caótico. E que por mais foco que você tenha enquanto está trabalhando na criação de algum produto, muita coisa não cumprirá bem o seu papel de servir ao usuário.

Também sei que o comportamento do usuário nem sempre é facilmente identificável. Aliás, quase nunca conseguimos atingi-lo rapidamente. Basta ver como ele ignora o link “compartilhar” no Facebook numa menção para enviar à um amigo e em vez disso, usam o comentário marcando o mesmo sem dizer uma palavra sequer. A galera de UX do Facebook deve arrancar os cabelos todas as vezes que isso acontece!

Mas o layout @cristianoweb?

Boa parte das startups de tecnologia digital é uma aplicação. Seja ela num site, seja ela um ‘app mobile’, ou ambas, não importa. Sem um bom layout, a sua aplicação, por melhor que seja, pode ir por água abaixo se ele não atender o usuário (olha a frase do Grande Soldador aí de novo!). E nisso os empreendedores estão por dentro. Sempre contratam bons designers para os seus times, pois sabem que o “design vende”, basta ver os produtos da Apple, e como eles ditam a tendência desse mercado. Seu design influencia toda a indústria, que corre atrás tentando chegar no nível de um produto “desejável” como os deles.

Acontece que quando o design fica a frente do uso, aí temos algo lindo, mas que efetivamente não serve para o usuário. E é exatamente isso que esbarramos a cada esquina nos ‘market places’ da vida! Não adianta ter um puta designer na sua equipe, se ele não pensa em produto, se ele não pensa em experiência do usuário, se ele não pensa em aplicação. Eu costumo dizer muito nas minhas palestras que todos somos criativos, do gerente de projeto, passando pelo desenvolvedor até o designer. Todos podem contribuir conjuntamente na criação do produto de uma startup.

O que eu mais vejo nesse mercado, são sócios em que cada um cuida de uma área do negócio (ok, entendo que isso é importante, senão ela não sobrevive!), mas efetivamente, o epicentro do negócio da startup que é o seu produto, em geral é visto por um sócio “da tecnologia”. E UMA pessoa só, definindo o que muitas e talvez centenas de milhares de pessoas vão usar é muito injusto. O ideal é que um time estude o usuário, perceba as necessidade, projete soluções e crie/desenvolva em conjunto! A definição de um layout não cabe só ao designer. Afinal, como diz a frase (já clichê) de Steve Jobs:

Design é função, não forma”.

Portanto, se você está pensando em criar uma startup e conhece um excelente designer e quer levá-lo para o seu time, pense no Grande Soldador e pergunte para si mesmo se ele atenderá bem o usuário do seu produto.

Até o próximo artigo!

😀