Enfim, terminei de assistir os 9 filmes destaque da edição do Oscar 2014. Ok, você deve estar se perguntando agora, “mas o Oscar foi em fevereiro”. É, eu sei! Mas quem tem filhos e trabalha em casa, assistir filmes parcelados em suaves prestações de 5 ou 6 vezes é uma rotina bem comum. Por isso o hiato.
Selfie da Samsung à parte, a cerimônia desse foi bem normal, bem como as premiações foram sem muitas surpresas, mas também não comprometeu, o que é muito bom!
Vou passar as minhas impressões sobre cada um desses filmes de forma crescente, segmentados por “decepção”, “bom filme” e “gostei muito”, uma vez que NENHUM consegui classificar como “filmaço” como em achei em outros anos.
Mas vamos para as resenhas:
Decepção
American Hustle (Trapaça) — De longe o filme mais fraco desse set. Tanto que me inspirou a dar o nome dessa categoria. Decepção. As únicas coisas que salvam no filme é a direção de arte e a fotografia. Eu me senti verdadeiramente nos anos 70. De cenários, locações a penteados e roupas, o público fica imerso do começo ao fim nessa época e nos esquecemos que temos Internet por duas horas de película.
O roteiro é simplesmente fraco. Com um argumento legal, nada demais, o filme se arrasta por uma relação boboca entre os personagens que não cativam o espectador. Muita “pagação de pau” com a Jennifer Lawrence e Amy Adams que não passam de atrizes normais. Eu sinceramente não entendo essa adoração das pessoas. Pra mim elas são superestimadas iguais ao Nutella!
Mas a decepção mesmo foi a tal trapaça. Muito, mas MUITO previsível mesmo! Quem realmente se surpreendeu com que aconteceu, realmente está acostumado a novelas mexicana do SBT, lamento informar.
Blue Jasmine — Ok, confesso que não SUPORTO o Woody Allen! E também confesso que essa antipatia é baseada no “babado” com a Mia Farrow e não pelo seu trabalho como diretor, que faz com que eu sequer cogite o fato de assisti-lo, mas esse ano eu resolvi dar um crédito ao cara, de tanto que a galera o idolatra e comecei assistir o Blue Jasmine.
Uma trama bem interessante, com um argumento que podemos dizer que acontece sempre por aí e uma interpretação primorosa da Cate Blanchett (como era de se esperar mesmo). Apesar do “plot” ter me conquistado, o filme começou a caminhar para uma “sinuca de bico” inevitável que culminou num final patético. Mas muitos dirão “mas a vida é assim, sem final feliz mesmo”. Concordo, a sensação que eu tive é que simplesmente não houve final de tão sem sentido que foi.Enfim, não foi dessa vez Woody, foi mal!
Bom filme
August: Osage County (Álbum de Família) — Elenco com Meryl Streep é garantia de bom filme, mas Álbum de família surpreende com uma forte interpretação de Julia Roberts num drama MEGA pesado de relacionamento entre familiares com ingredientes de traumas de infância e muito sentimento escondido.
O final deixa aquela dúvida no ar do que realmente aconteceu e rendeu muita discussão aqui em casa (será que era esse o objetivo!?).Destaque também para a fotografia lindíssima, impecável!
Her (Ela) — Com certeza o argumento mais louco dessa lista!Her incomoda, deixa o espectador desconfortável com relação sei lá o quê entre Theodore, personagem do Joaquin Phoenix e Samantha na voz (chatérrima) da Scarlett Johansson. Até que ponto do mundo que existe hoje pode migrar para esse futuro nem tão distante assim?O filme é bem lento, exige muita dedicação do público, mas vale pelos questionamentos. É uma boa metáfora das relações interconectadas de hoje.
Captain Phillips (Capitão Phillips) — Filme mais nervoso dos indicados, Capitão Phillips tem um drama que cresce conforme o navio avança nos mares. É um filme cru, sem grandes soluções mirabolantes para uma locação em mar aberto e o que se destaca é a tensão de não saber o que vai acontecer (ok, agente sabe!) com o protagonista que fica 90% do filme na mira das armas dos piratas.
Só realmente não consegui entender a indicação do bandido Muse (Barkhad Abdi, não a banda!!!) que repete a frase “everything be alright” umas 100 vezes no filme (Coisas de Oscar), mas vale assistir pelo drama!
Nebrasca (Nebrasca) — Esse foi o último filme da lista que eu vi. Realmente fui com a expectativa beeeeeem baixa e fui pego de surpresa com um filme muito bonito visualmente e com um argumento que beirava a estupidez de tão simples.O filme é uma colcha de retalhos de sentimentos deixados para trás na vidas de várias pessoas e que sintetizam como vivemos nossas vidas de forma mesquinha e sem amor. Nebrasca foi um revigorante reflexão sobre vida.Destaque para a belíssima direção de fotografia.
Gostei muito
12 years a slave (12 anos de escravidão) — Quando eu assisti ele já era premiado como melhor filme de 2013 e confesso que esperava um pouco mais como filme. Como história real e importante, ela precisava mesmo ser contada na telona e não critico a sua premiação. A questão que eu acho que filme não chegou nem perto do que Solomon Northup passou nesses 12 anos, e isso me deixou com vontade de saber mais sobre o que aconteceu com ele.
Sei que é difícil resumir um período tão longo da vida de uma pessoa que sofreu em 2h de filme, mas foi essa a sensação que ele me causou. Mas isso nem de longe faz o filme ser menor, muito pelo contrário. Além disso eu achei a indicação, e premiação da Lupita Nyong’o como melhor atriz coadjuvante forçada por causa do tema, mas não chegou a ser uma injustiça.
The wolf of Wall Street (O Lobo the Wall Street) — Tirem as crianças da sala, vai passar um filme do Martin Scorsese, garantia de um ótimo filme, e claro, muita, mas muita baixaria!Não é a sua obra-prima com certeza. Mas Scorsese não perde a linha nunca. O “Lobo” é tudo misturado. É drama, é engraçado, é reflexão, é tudo ao mesmo tempo agora! O ritmo do filme é alucinado e o roteiro não deixa a peteca cair 95% do tempo, o que faz um final não tão bom, mas sem comprometer.
Gravity (Gravidade) — O nome desse filme poderia ser “apneia” também, tamanha é a tensão do roteiro. Sem descanso, você levanta da cadeira exaurido, isso se você conseguir levantar de tanto esforço que ele obriga o seu corpo sem sair do lugar.Gravidade é um desses filmes que só não pode ser classificado como perfeito por conta dos inevitáveis erros propositais das leis da física em nome do entretenimento da sétima arte! Fora isso é impecável e Alfonso Cuarón mereceu FÁCIL a premiação de melhor diretor. O que foram essas filmagens rapá!?
Dallas buyers club (Clube de compras Dallas) — Não chorei no filme, afinal, foi um filme de macho! Sensível, mas macho.
Clube de compras Dallas é além de importante como um período histórico em que essa doença maldita assolou a sociedade, é uma aula de interpretação. Matthew McConaughey eJared Leto estão inacreditáveis nos papeis que chegamos a esquecer quem eram eles antes e acreditamos que são mesmo Ron e Rayon.
Destaque para a excelente direção de arte e fotografia que contrasta com a triste realidade de desolação e falta de perspectiva de seus personagens, ela caminha ao lado do espírito aguerrido e nos dá força e esperança. Vitorioso.