Bastou eu assistir o filme ontem, numa cena onde o personagem Jeremias gritava que a ‘rockonha’ era dele, para que despertasse em mim a curiosidade, e numa simples busca descobrir que ‘Rockonha’ eram as festas em Brasília na década de 70 regado à rock e maconha.
’26 anos de curso’ e é interessante constatar que na época da música não existia Internet e você só saberia o significado dessa expressão se frequentasse esse tipo de ambiente, ou fosse amigo de alguém que curtisse.
Lembro que a música ‘Faroeste Caboclo’ tinha um certo clima em torno dela. Quem conseguisse decorá-la e cantá-la sem errar os 15 minutos era considerado alguém superior, tamanha era a dificuldade da sua letra tão inovadora pra época.
Letras e versos pobres que praticamente não vemos no filme. Ao contrário de ‘Somos tão jovens’, uma ou outra estrofe é falada pelos personagens. A única que eu me lembro é “logo, logo os malucos da cidade souberam da novidade, tem bagulho bom aí”.
Sobre o filme, graças à Internet, todos nós acompanhamos a dificuldade da produção e como ele foi difícil de ser finalizado e enfim distribuído nas cidades. O roteiro é bem aquém do que eu esperava, justamente por ser inevitável compará-lo à música. Licença poética à parte, muita coisa foi modificada (adaptada) para ter mais coerência no roteiro, mas ainda sim, o diálogo é bem pobre.
Pobre também são as interpretações. Maria Lúcia (pela insossa Isis Valverde), Marco Aurélio (Antolio Caloni fazendo ele mesmo) e até mesmo o João de Santo Cristo (que só faz cara feia e pouco fala) não disseram a que vieram no filme. Mas a pior parte ficou por conta do bandido mequetrefe Jeremias interpretado pelo Felipe Abib que com pouca dramaticidade em suas falas deixou muito a desejar. O fato é que os problemas extra-campo certamente influenciaram no resultado final do é assistido.
O filme é fraco, e o roteiro é bem raso. O argumento baseado na música do Renato Russo pedia algo muito mais denso, muito mais ‘faroeste’, e ficou mais ‘caboclo’. E a melhor prova de como o filme foi mal produzido é o fato da gente sequer notar que existe trilha sonora durante as cenas. Ok, a intenção talvez tenha sido para dar um ar mais árido na película e que se assemelha ao que assistimos na tela, mas ainda sim, é bem esquisito.
Infelizmente, a única coisa que me fez recordar a música do Legião Urbana foi descobrir o significado da expressão ‘rockonha’, e certamente vou preferir ouvir a música do Renato do que assistir novamente o filme. Uma pena.