Processos criativos. Inspiração ou transpiração?

Quero começar esse artigo com a célebre frase de Thomas A. Edison sobre a genialidade:

“O gênio é um por cento de inspiração e noventa e nove por cento de transpiração.”

Não, eu não sou nenhum gênio! Portanto tenho que suar a camisa e buscar na rede a base para os meus trabalhos! Na verdade, essa busca não fica restrita apenas na Internet. Cinema, música, livros, revistas, pessoas, e pasmem, até programas Reality Show entram na roda! Isso mesmo, os tão criticados programas no estilo “BBB” ajudam o meu processo criativo e hoje eu vou mostrar alguns deles pra vocês, e explicar como eu consigo (o que para muitos isso será uma proeza!!).

Antes eu gostaria de dividi-los em 3 categorias diferentes. criação, redesign e concorrência. Todas elas fazem parte da vida de qualquer designer. A todo tempo estou criando, refazendo ou competido com outros profissionais. Por mais que o estilo ou função sejam completamente diferentes, eu vejo similaridades nos processos, nas referências e na busca pela excelência. Todos são ingredientes pertinentes nos processos criativos.

Criação – Um processo evolutivo

O primeiro programa que eu gostaria de trazer pra vocês é o American Choppers, da empresa “Orange County Choppers” que constroem motos personalizadas no estilo “Chopper” que é bastante popular nos Estados Unidos. O programa mostra o processo de planejamento e criação das motos com prazos super apertados além dos dramas de convivência entre os membros da equipe típicos desse formato.

Para quem acompanha a série desde o começo, percebeu que o processo de criação deles evoluiu e hoje é bem mais estruturado e consistente. Até as brigas da equipe diminuíram bastante. Hoje eles estão num galpão muito maior, com várias máquinas que evitam a terceirização de etapas e as motos são feitas praticamente 100% por eles. Fases como pintura, fabricação de motor e chacis ainda são feitos fora, mas nas primeiras temporadas era comum fazerem as rodas numa outra empresa e depois da aquisição de uma enorme máquina de corte e a contratação de um designer, esse processo passou a integrar a linha de montagem.

Um dos pontos que eu destaco na série é o planejamento. Por conta da nova estrutura, agora a moto é bem “mais pensada” antes da produção, o que evita muito tempo com consertos e etapas refeitas. A cargo do Jason Pohl (senior designer), ele usa equipamento de ponta para criar os produtos que o Paul Jr. e sua equipe projeta e constrói.

Deixando de lado o estilo das motos, que para muitos de nós brasileiros, são desconfortáveis e para alguns até feias, o que tento mostrar pra vocês é que o processo depende de muita criatividade para solucionar problemas na fabricação de seus produtos, a equipe é muito experiente e possui muita referência nos projetos do passado aliados às novas tecnologias. Esse é o grande fator de sucesso do processo desse programa.

Redesign – Reconstruir o que um dia já foi projetado

Dois outros programas que usam a temática do redesign são o Overhaulin e o Kitchen Nightmares. O primeiro usa “pegadinhas” e seqüestra um carro por um semana para reforma-lo com ajuda de alguém da família ou um amigo que encena algo errado com o carro a fim de leva-lo para garagem do programa! Liderados pelo designer Chip Foose que desenha seus projetos à moda antiga com lápis, canetas e pinceis!

Como o prazo é curto, a equipe trabalha sempre com empresas parceiras em fases distintas. Funilaria, cromagem, capotaria, pintura, mecânica, multimídia, cada uma dessas etapas é feita separadamente por uma empresa, porém de forma simultânea  e no fim a equipe de montagem da casa terminam os carros.

A riqueza nos detalhes é ponto alto na característica do Foose. Ele se dedica não só a desenhar os projetos, como também põe a mão na massa e com a sua larga experiência e referências é capaz de solucionar problemas na construção antes mesmo deles acontecerem. Nesse programa eu destaco as parcerias das equipes, que sem dúvida são pontos fundamentais para o cumprimento do prazo curtíssimo do formato no programa.

Link da 1ª parte, 2ª parte, 3ª parte, 4ª parte e 5ª parte.

Já o programa de redesign de restaurantes do incrível (ranzinza e desbocado) chef Gordon Ramsay, faz desse reality show uma grande aula de empreendimento, visão de negócio e porque não, processos de criação!

Durante um tempo o chef se propõe a acompanhar (sem interferir) o cotidiano do restaurante com objetivo de perceber falhas e possíveis potencialidades. Com uma bagagem de 12 restaurantes próprios de sucesso e 2 fracassos (Sim, ele se orgulha disso!!!), Gordon grita, esperneia e xinga muito. O processo de mudança é no tratamento de choque! Isso para muitos pode parecer agressivo, mas é comum vermos donos de restaurantes endividados e sem esperança, além de chefs arrogantes e acomodados. Gordon trás vigor, energia e sucesso!

Claro que o programa dá um “tapá no visual” do estabelecimento, afinal, é um reality show e há merchandising envolvido, mas o que eu gostaria de destacar é que refazer algo que um dia já foi planejado é um processo muito difícil. É preciso muita experiência e sensibilidade para saber o que pode e o que não vai dar certo. Deixar “toques” no visual e no estilo de seus proprietários é fundamental, e nisso Gordon sempre prega pela “simplicidade”.

Link da 1ª parte, 2ª parte, 3ª parte, 4ª parte e 5ª parte.

Concorrência – Minha melhor referência é o meu concorrente!

Os dois próximos programas possuem um formato semelhante entre si e mostram bem a realidade de uma vida profissional: a concorrência acirrada do mercado. Ambos são reality shows onde vários competidores tentam ganhar um grande prêmio final. O primeiro concorrem a um restaurante com a assinatura do Gordon Ramsay, o Hell’s Kitchen. O segundo um prêmio de 200 mil dólares, o Top Chef comandados pelo chef Tom Collichio entre outros convidados.

Em ambos os programas são feitas competições bem variadas onde os concorrentes precisam mostrar conhecimento técnico variado e profundo, além de criatividade e muita habilidade. Provas onde é preciso cozinhar pratos dificílimos e com grande grau de complexidade são contrastados com outras onde é preciso fazer refeições saudáveis e suculentas para uma tropa de crianças do ensino infantil, ou um típico lanche de estádio de Futebol Americano, com direito a hamburger e batatas-fritas!

O que eu destaco nesses dois programas é o profundo conhecimento técnico e a criatividade. Planejar bem previamente, também é ponto forte para um candidato ao prêmio e acima de tudo calma, pois cozinhar com a enorme pressão da competição pode deixar marcas de água fervente nas mãos!

A lição que fica

Acredito na máxima do Thomas Edson que citei acima. A inspiração é um “insight”, um lampejo. Processos são a base de um bom projeto. Planejar questionando constantemente cada etapa, cada decisão é sinônimo de respeito ao consumidor e usuário, seja o seu produto uma moto, carro, refeição ou um site!

Ler, estudar, analisar, testar, questionar, perguntar, observar, e recomeçar tudo novamente é o que move o meu processo de criação. E o seu como é? Conte pra gente nos comentários e exponham suas referências, inspirações e o seu processo de criação.

Espero que tenham gostado desse artigo até próxima!