Ou você achava que era só layout?
Olá amigos, meu nome é Cristiano Santos e sou designer web desde 2001 e sou amigo pessoal da tagarela Monique Fernandes, dona desse canal aqui, que me convidou para escrever artigos contando um pouco da minha experiência na criação de sites focados em negócios e a minha estratégia na criação de seus produtos.
Essa minha amiga me enviou uma mensagem privada no Twitter me intimando com a seguinte DM:
“Quero que você escreva ‘guest posts’ no blog da Tagarela, te interessa? Partiu?“
Então vou começar o meu primeiro artigo contando um “causo” que mostra o processo de redesign de uma marca já consolidada no mercado e como foi todo o processo de criação até a exposição da mesma num evento do seu setor.
Tudo começa quando um grande amigo meu, dono de uma agência digital, fazia a comunicação de um dos seus clientes, que por razões óbvias, não vou citar o nome. Esse cliente estava insatisfeito com a sua marca e queria mudá-la. A questão é que ele achava que o nome da empresa também deveria ser mudado.
Ele achava que o nome limitava a atuação da empresa, uma vez que era um nome que abrangia o seu segmento. Vamos imaginar que a empresa fosse do mercado automotivo na revenda de pneus. O nome seria algo do tipo “Rei dos pneus”, e que de repente a empresa ampliasse a sua atuação e passasse a vender peças de carros. O nome Rei dos pneus não seria tão intuitivo assim e talvez alguns de seus clientes não soubessem dessa sua atuação e fossem comprar peças de carros em outro lugar.
Ok, o argumento é válido, mas…
Criar um novo nome e uma nova marca precisaria de uma comunicação planejada e bem pensada. É aí que eu entro na história. Esse meu amigo me chamou para tentar ajudá-lo com o cliente nessa transição. Tivemos uma reunião onde ele passou o briefing conceitual do que ele gostaria sobre a nova marca teria que ser.
Então nessa reunião eu descubro que o nome da empresa foi escolhido através de uma ferramenta chamada Brandbucket. Sim, acredite! Ele pagou pouquíssimas ‘Obamas’ e estava MEGA satisfeito por isso! Saímos da reunião e eu fiquei de enviar uma proposta de criação do logotipo por e-mail, mas o meu “sentido aranha” me dizia que eu corria perigo!
É cilada Bino!
Uma semana depois de ter enviado o e-mail com a proposta do meu trabalho, o meu amigo me liga desesperado dizendo que entrou em contato com o cliente dele e descobriu que ele não tinha gostado da minha proposta e estava fazendo o logotipo ele mesmo!
Eu disse para o meu amigo que tudo bem, que não era para ele ficar sem graça comigo por isso, pois eu já havia passado por esse tipo de situação antes e que eu sabia que isso fazia parte do mercado. Mas aí é que vem o grande problema. Esse meu amigo que fazia a comunicação desse cliente ainda não tinha NADA sobre o conceito desse novo nome, nem da marca e não podia criar nenhuma comunicação para ele enquanto não houvesse uma definição do cliente. Faltavam pouquíssimos dias para um evento do setor onde eles teriam um ‘stand’ e ninguém conheceria a empresa, uma vez que estava no mercado há mais de 5 anos.
Passado o evento, eu encontrei o meu amigo pessoalmente e ele me disse que o cliente não só criou o logotipo, mas como fez também todas as artes de aplicação adesiva no ‘stand’ da empresa e os ‘flyers’ de distribuição! Isso mesmo, o próprio cliente fez tudo!
Lógico que a comunicação foi bastante falha e o cliente teve passar boa parte do tempo da feira explicando para os visitantes a mudança do nome e logotipo do que efetivamente fazendo negócio, objetivo do evento.
Mas aí, valeu à pena?
Evidente que não.
O meu amigo teve que refazer toda a linha de comunicação dessa empresa, que no final das contas é uma NOVA empresa. Não foi só uma mudança de logotipo. Ainda que fosse, apresentá-la ao mercado necessitaria de planejamento.
E onde o cliente errou?
– Errou na decisão de fazer a mudança do nome da empresa com um ‘deadline’ tão curto sem levar em consideração o planejamento de comunicação para a transição.
– Não alinhou o nome a nenhum conceito de uma forma bem pensada e trabalhada.
– Quando ele tirou um profissional do processo de criação, ficou claro que a tomada de decisão foi baseada na relação de preço versus qualidade e não pelo valor que a marca desenvolvida geraria para o seu negócio.
– Usou boa parte do tempo no ‘stand’ para justificar a mudança e não fazer negócio, o que faz com que esse investimento tenha sido mitigado.
E o cliente?
Meu amigo contou que ele ficou satisfeito com o fato de tantas pessoas terem falado com ele sobre o novo nome e do logotipo, e que ele achou que foi um verdadeiro sucesso!
E vocês o que acharam?
Até o próximo artigo!