OSCAR 2019 – Será a vez do ‘streaming’?

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(Resenha com alguns ‘spoilers’. Leia por sua conta e risco!)

Agora que a Academia do Oscar cresceu com um número maior e mais diversificado de votantes, o resultado é uma edição bastante eclética, mas que não foi suficiente para evitar algumas tradicionais injustiças.

Bradley Cooper por exemplo, deveria ser indicado como melhor diretor, bem como Timothée Chalamet (Beatiful Boy) e Lucas Hedges (Boy Ereased) deveriam ter sido indicados como melhores atores.

O filme Vice, aliás, possui 8 indicações, eu trocaria fácil a Amy Adams pela Toni Collette (Hereditary) e Sam Rockwell por Richard E. Grant (Can you ever forgive me?).

Já na categoria principal, eu não indicaria Bohemian Rhapsody nem Infiltrado na Klan e trocaria por Beatiful BoyBoy Ereased tranquilamente.

Mas, ainda sim, achei essa edição bem mais equilibrada e com a adesão de novos votantes, teremos um futuro bem mais justo nas próximas edições. Com certeza!

Bom, como todos os anos eu faço, separei a lista dos filmes indicados com a categoria Decepção, Filme Ok, Bom filme, Gostei Muito e Filmaço.

E claro, começo com os filmes que de um jeito ou de outro eu não assisti e a relação de filmes que ficaram de fora da lista principal.

Vamos lá:

Não quis assistir, ou não consegui

Filmes ignorados

Filmaço

Querido Menino (Beautiful Boy)

Ok, você pode não gostar do Steve Carell como ator. Mas ele convenceu fortemente como um pai de um filho viciado em drogas pesadíssimas.

Baseado em fatos, Querido menino foi muito injustiçado por não indicar a brilhante atuação do Timothée Chalamet como Nic Sheff. Uma pena!

Boy Erased: Uma Verdade Anulada (Boy Erased)

Outro filmaço totalmente ignorado pela academia, que deixou de fora uma incrível e sensível atuação do ator Lucas Hedges.

O filme possui um tema profundo, que vale MUITO a reflexão: a cura da homossexualidade. Outra pena!

Filmes indicados

Decepção

Solo: Uma história Star Wars (Solo: A Star Wars Story)

A categoria exata para esse filme deveria ser “Filmes que nunca deveriam ser feitos”.

Roteiro destruiu toda a mitologia criada em torno do personagem Han Solo explicando cada “Espaço Negativo” deixado pela trilogia original. E por favor, nem me perguntem sobre o ator principal. Já apaguei o nome dele da minha mente! Resumo como diria a minha saudosa avó:

Esse filme é bosta rala e fedorenta!

Filme ok

Os Incríveis 2 (Incredibles 2)

O filme me divertiu muito no cinema, mas apesar de ter a qualidade Pixar, ele não é memorável como o estúdio costuma produzir.

O Primeiro Homem (First Man)

Assim que a corrida do Oscar começou e os nomes dos filmes pipocavam nas listas de apostas, esse foi o filme que eu mais quis assistir na época.

As cenas nas aeronaves são propositalmente claustrofóbicas e dão uma boa noção do alto risco que os astronautas atuavam, mas confesso que todas as cenas na Lua foram muito abaixo da minha expectativa.

Não teve emoção em momento algum e foi um balde de água fria para um filme que representa uma das maiores conquistas tecnológicas da nossa humanidade.

Vice (Vice)

Vice é aquele típico filme histórico que temos muito interesse de conhecer e sermos apresentados aos bastidores de grandes nomes, mas deixa muito a desejar, com um roteiro confuso e diálogos clichês.

As indicações da Amy Adams (Lynne Cheney) e do Sam Rockwell (George W. Bush) são completamente inexplicáveis.

Você pode até enaltecer a ‘performance‘ do Christian Bale, mas ela está muito mais pela transformação física e maneirismos do que pela interpretação em si.

8 indicações foram um total exagero!!!

Bom filme

Bohemian Rhapsody (Bohemian Rhapsody)

E por falar em imitação e maneirismos, Rami Malek realmente impressiona, mas deixa desejar quando as cenas exigem atuação dele como cantor. Em muitos momentos, fica claro de que ele nem está cantando.

Como filme, Bohemian Rhapsody é um grande ‘fanservice‘.

Possui MUITOS problemas com as datas e linha do tempo de certos momentos, e o drama foi claramente suavizado pelos integrantes da banda Braian May e Roger Taylor, que participaram da produção do filme e não queriam macular a imagem do Freddie Mercury. O filme é realmente muito chapa-branca!

Ok, chorei MUITO no cinema. Mas ao assisti-lo novamente, perdeu completamente o encanto!

Infiltrado na Klan (BlacKkKlansman)

História importantíssima e que merecia realmente um filme.

Apesar de eu gostar muito do Spike Lee, sinceramente eu não curti muito Infiltrado na Klan. O fato do filme flertar constantemente com a comédia me deixava confuso quanto a gravidade do que estava acontecendo.

Você pode falar que Tarantino faz isso em todos os seus filmes, mas o filme teve mais impacto em mim nas cenas reais recentes que passam depois do filme.

Gostei muito

Poderia Me Perdoar? (Can You Ever Forgive Me?)

Eu não dava nada por esse filme e fui surpreendido por uma interpretação muito segura da Melissa McCarthy no papel de decadente escritora Lee Israel, que junto do Richard E. Grant (Jack Hock) levam o filme nas costas.

Green Book - O Guia (Green Book)

Um dos argumentos mais interessantes dessa edição, Green Book é um soco no estômago quando o tema é racismo.

Com interpretações afiadíssimas de Viggo Mortensen (Tony Lip) e Mahershala Ali (Dr. Don Shirley), eles destroem numa cena onde discutem sobre ser bom o suficiente. Impecável!

A Esposa (The Wife)

E por falar em interpretações, Glenn Close como Joan Castleman é esposa do Joe Castleman (Jonathan Pryce), um escritor vencedor do Prêmio Nobel de Literatura.

O filme é uma aula de reflexão e debate sobre feminismo e o empoderamento da mulher!

Pantera negra (Black Panther)

É uma incrível vitória ver um filme de super-herói baseado em quadrinhos estar entre os indicados de melhor filme no Oscar, mesmo ele não sendo o melhor no seu gênero!

TODAS as indicações técnicas são merecidíssmas!

Um lugar silencioso (A Quiet Place)

Eu não curto filme de terror e não tenho o hábito de assistir suspense, mas quando eu vi o argumento de Um Lugar Silencioso, fui correndo ver.

O minimalismo dos poucos diálogos, da edição de som são uma AULA, principalmente sabendo que é um debute do ator John Krasinski na direção.

Nasce Uma Estrela (A Star Is Born)

E por falar em estreia na direção, agora é a vez do filme Nasce uma Estrela do Bradley Cooper na 3ª redição do filme. Ele merecia uma indicação de melhor direção, mesmo o filme tendo alguns pequenos problemas. Mas eu colocaria ele fácil no lugar do Adam McKay do filme Vice.

A saga meteórica da Ally como cantora é emocionante! Toda parte musical é incrível, e certamente “Shallow” vai ganhar o Oscar de melhor canção.

Lady Gaga entrega uma interpretação ok, o que não justifica a sua indicação como melhor atriz. Seu destaque são as cenas em que ela faz o que sabe fazer: performar no palco.

Vingadores: Guerra infinita (Avengers: Infinity War)

O desafio desse filme se dá pelo arco da história e o número gigantesco de personagens, e que inacreditavelmente os irmãos Russo (Anthony e Joe Russo) conseguiram entregar magistralmente!

O filme ganha do Batman: O Cavaleiro das Trevas e de Logan como o melhor filme de super-heróis já feito. E falo isso com o coração sangrando. 

A Favorita (The Favourite)

Um filme de época com argumento excepcional!

Suas 10 indicações são mais do que justificáveis! A fotografia é um desbunde, pois permite que detalhes surjam na tela, mesmo com pouquíssima luz e tantos elementos de decoração.

Aliás, a direção de arte  é um capítulo à parte. É riquíssima em detalhes que ajudam a contar a história. Um drama imprevisível, com escolha de enquadramentos inusitados para um filme de época.

A indicação Olivia Colman (Rainha Anne) para melhor atriz, Rachel Weisz (Lady Sarah) e Emma Stone (Abigail) como melhores atrizes coadjuvantes é simplesmente incrível! Um marco!!!

Filmaço

Roma (Roma)

Roma é arte.

São tantas coisas a dizer que fica até difícil enumerar. Claro que o filme não é pra todos. Em muitos momentos pode ser lento demais e transparecer não ter história nenhuma, mas é justamente o contrário!

Roma é uma transposição das lembranças do diretor Alfonso Cuarón com a sua babá Libo, ou seja, um projeto é mega pessoal.

Por conta disso Alfonso criou um ambiente rico em detalhes, onde nós somos colocados como expectadores invisíveis dentro da sua casa. A ambientação que foi cuidadosamente recriada.

A escolha da Yalitza Aparicio, uma pessoa comum para atuar como a Cleo, foi mais do que acertada. Ele a dirigiu com maestria e sem pressa. O resultado que se vê em tela é uma pessoa REAL vivendo emoções REAIS!

A fotografia é simplesmente incrível, e por ser filmado em preto e branco dá um salto temporal para os anos 70 no bairro Roma na Cidade do México.

A verdade do que se assiste no filme é tão grande, que foi impossível não remeter ao meu passado, e eu revi vários momentos da minha infância com a minha família depois que os créditos subiram. O filme ficou comigo durante dias e isso prova a sua qualidade.

Saber que a NETFLIX é o estúdio por trás dele, dá ainda mais importância para o feito. A indústria do cinema precisa evoluir, assim como a sociedade está mudando, e ver uma indicação de um filme produzido por uma plataforma de ‘streaming‘ concorrer ao Oscar já é uma enorme vitória.

Vê-lo vencedor, será épico!

Minhas apostas para os principais vencedores do Oscar 2019